Constitui uma das mais notáveis obras de arquitetura militar edificada durante a ocupação muçulmana, em Portugal. Embora alguns autores sustentem a sua génese em períodos anteriores, a cidade e o castelo indiciam uma fundação islâmica. A primeira referência conhecida remonta ao século X, com al-Razi (historiador e geógrafo), que se refere a Silves como tendo castelo e simultaneamente que constituía a melhor vila do Algarve.
Localizada no outeiro, sobranceira à cidade, a antiga alcáçova da Xilb islâmica, em forma de polígono irregular, é composta por imponente muralha, construída em taipa militar e revestida a arenito vermelho (grés de Silves). Integra onze torres, nove adossadas e duas albarrãs, entre as quais se desenvolve um caminho de ronda, com uma extensão de 388 m.
O acesso ao interior, com cerca de 12 000 m², é feito por uma porta dupla de átrio, ladeada por duas torres que a protegem (a situada à esquerda, de secção quadrangular, sugere fundação califal, sendo a mais antiga da fortificação, com origem no século X). A norte localiza-se uma outra entrada, de cariz secundário, designada por Porta da Traição, pequeno postigo que permitia transpor a muralha, com discrição e autonomia, diretamente para o exterior, sem passar pela medina.
Residência de governadores, dos seus contingentes militares e de funcionários da administração, conservam-se no recinto vestígios da sua presença, materializados nas ruínas de um palácio, do período almóada (1121 1248). Colocado a descoberto a sudeste do recinto, após várias campanhas de investigação arqueológica, seria composto por dois pisos, um jardim interno e um complexo de banhos. Habitado durante pouco mais de um século, foi alvo de um incêndio que o devastou já no período de ocupação cristã. Por sua vez, a sudoeste foi parcialmente escavado um edifício, do século XV, que se pensa ser a alcaidaria, bem como um engenho de moagem, cuja funcionalidade se mantém em discussão.
Evidencia-se também no interior o Aljibe grande cisterna de planta retangular que abastecia de água parte significativa da cidade. Construída no período almóada com 20 m de comprimento, 16 m de largura e 7 m de altura, exibe cobertura composta por quatro abóbadas de canhão, colocadas lado a lado para facilitar o arejamento da água, suportadas por 12 colunas. Com uma capacidade aproximada de 1 300 000 litros, permitia abastecer uma população de 1 200 pessoas, durante, aproximadamente, um ano. A ele se encontra associada a Lenda da Moura Encantada, segundo a qual nas noites de São João, à meia-noite, surge uma moura navegando sobre as águas da cisterna num barco de prata, com remos de ouro, entoando cânticos e aguardando que um príncipe pronuncie as palavras mágicas para o seu desencantamento. O Aljibe tem ainda a particularidade de ter fornecido água à população de Silves até aos anos 90, do século XX.
Outro elemento de relevo é a Cisterna dos Cães, um poço com mais de 40 m de profundidade do qual foram retirados, aquando a sua desobstrução, em 1872, diversos fragmentos de cerâmicas medievais, nomeadamente alcatruzes do período muçulmano. Exibe secção retangular até cerca de 15 m de profundidade e depois subcircular. A singularidade da denominação parece estar relacionada com o hábito de nela serem atirados os cães vadios da cidade.
Próximo desta captação, existiam silos, escavados no subsolo, onde se guardavam e conservavam os cereais recolhidos juntos dos produtores, através de tributos lançados pelos poderes instituídos. Celeiros que, em caso de cerco, permitiam prolongar a resistência e autonomia do espaço.
Perdida a função defensiva, o castelo foi progressivamente abandonado e no início do século XVII estava desabitado. Henrique Fernandes Sarrão, não o esqueceu na descrição da urbe, cerca de 1607, Os muros da cidade são mui altos, e fortes, e torreados, e tem um castelo em cima, muito fero, e grande que tem uma porta para dentro da cerca da cidade e outra da traição, para a banda do norte, da parte de fora e está tão entulhado por dentro, que em parte o entulho chega a barbar com as ameias de cima, e da banda de fora fica sendo muito alto o muro, por onde fica fortíssimo.
À degradação mencionada não seriam alheios os sismos de 1504 e 1587. Fenómenos que se repetiriam, em 1719, 1722, 1755 ou 1856. Profundamente devastado, o recinto passou a ser utilizado como campo agrícola. Espaço que a autarquia arrematava anualmente, depois de 1834, para sementeira, quase sempre de cevada. Um pouco antes havia servido de depósito geral da pólvora do Algarve, sendo que albergava ainda o aquartelamento militar local.
Em 1840 constou do inventário de bens nacionais para venda em hasta pública, todavia a ação enérgica do presidente da edilidade, José Manuel Serpa, impediu a concretização desse desiderato. O castelo manter-se-ia na esfera pública e três anos depois a Câmara, por portaria da rainha D. Maria II, ficava responsável pela sua gestão e conservação.
Por volta de 1875 o recinto recebia a cadeia e com ela o carcereiro fixava residência na velha alcáçova.
Classificado como Monumento Nacional, em 16/06/1910, o castelo chegou ao segundo quartel do seculo XX, num estado de quase ruína.
Abel Viana, em 1939, traça um retrato desolador do recinto, ocupado por um miserável hortejo, por animais domésticos, montes de cascalho, estrume, ortigas, sem esquecer as masmorras e os plangentes prisioneiros instalados nas torres. Quanto às muralhas estavam fendidas e com enormes cavidades na base, que prenunciavam o seu desmoronamento. Na verdade o castelo subsidiou amiúde, a expansão urbana da cidade, através da extração devassa da rocha, das suas fundações.
Na década de 1940, a Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (DGEMN) empreende um vasto conjunto de obras de conservação e reconstrução. Foram consolidadas as muralhas, alguns panos demolidos e reerguidos, o mesmo sucedeu a uma torre de grande vulto que ameaçava derrocada. Reforço estrutural que contemplou a instalação de cintas de betão armado, cobertas para não prejudicar a feição arcaica do monumento. Foram construídas ameias e adarves, bem como toscas escadas de acesso. Na praça de armas e entrada o nível do pavimento, que se encontrava sobrelevado, foi restabelecido. Ainda no interior foram demolidas algumas construções que subsistiam, bem como transferida a cadeia (1947) para as imediações da cidade. O aspeto atual das muralhas é fruto desta profunda intervenção, concluída em 1948.
Mais recentemente, no âmbito do Programa Polis, foi realizada a requalificação do interior, que contemplou, entre outros aspetos, a musealização das torres, a conceção de um jardim de cariz islâmico e de uma casa de chá. Intervenções concluídas em 2009.
HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
Aberto todos os dias (exceto Dia de Natal e Dia de Ano Novo)
1 de janeiro a 26 de março: 9h00 - 17h30
27 de março a 30 de junho: 9h00 - 20h00
1 de julho a 31 de agosto: 9h00 - 22h00
1 de setembro a 28 de outubro: 9h00 - 20h00
29 de outubro a 31 de dezembro: 9h00 -17h30
(última entrada até meia hora antes do fecho)
Georreferenciação: Latitude: 37°11'26.78"N Longitude: 8°26'16.89"W
PREÇOS
Geral | 2,80€
Descontos
Bilhete Jovem/Estudante | Bilhete Reduzido Sénior | Castelo e Museu