Sinopse do Espetáculo
TONTENTAZ – MARCOS MORAU
O poder que emana da morte continua a agitar a nossa imaginação, forçando-nos a tecer fios de ligação com o além. A dança da morte medieval devolve-nos uma imagem poética e justa da morte: todos acabaremos por nos encontrar com ela, sem excepção.
Revisitar a dança da morte no século XXI é um gesto deliberadamente anacrónico — quase meditativo. Em pleno colapso social, digital e espiritual, a nossa Totentanz não pretende inovar, mas antes convidar à celebração da fragilidade da vida e à reflexão sobre a perda do seu valor. Construímos um mundo onde a morte está mais próxima e mais normalizada, mas paradoxalmente mais distante e incompreensível. O desprezo pela vida cresce à medida que perdemos a capacidade de dar sentido à morte.
Totentanz começa como uma sessão de espiritismo: os corpos em cena parecem falar-nos desde os limites do mundo. A partir daí, inicia-se uma viagem que confronta o dilema eterno entre vida e morte. A morte aqui manifesta-se em dois corpos inertes, esqueletos vivos que parecem conhecer o além — ou talvez sejam apenas títeres sob o inverno eterno da Mãe Morte.
Como num corredor do terror, percebemos que este rito é um produto do medo. Invocamos o além porque não suportamos o desconhecimento do que nos espera. Perder a consciência, agitar os corpos, mergulhar na escuridão dos sentidos leva-nos a uma catarse. E, nesse estado, até o sabor do nada se torna suportável.
Mais de cinco séculos depois, a dança da morte volta a erguer-se para nos perguntar quem somos, para onde vamos, e o que significa este breve lugar que habitamos antes de dançar com a morte.
Apoios: INAEM – Ministério da Cultura de Espanha e ICEC – Departamento de Cultura do Governo da Catalunha
Ideia e direção artística: Marcos Morau
Direção de produção: Juan Manuel Gil Galindo
Intérpretes: Ignacio Fizona Camargo, Valentin Goniot, Lorena Nogal
Dramaturgia: Roberto Fratini
Direção técnica e régie: David Pascual
Música: Clara Aguilar
Vídeo: Marcos Morau, Marc Salicrú, Marina Rodríguez
Confeção de marionetas: Juan Serrano
Produção: Cristina Goñi, Àngela Boix e companhia La Veronal
Coprodução: Triennale Milano, Teatre Lliure, Temporada Alta – Festival Internacional da Catalunha, Girona/Salt, Festival de Outono de Madrid
PREÇOS
Plateia | 15€
Descontos
Menores de 30 / Profissionais da Cultura