UM INIMIGO DO POVO | CRIAÇÃO DE MARCO MARTINS

13 mar26
Centro Cultural de Belém,
Lisboa, 20:00
Sab
14 mar26
Centro Cultural de Belém,
Lisboa, 19:00
Dom
15 mar26
Centro Cultural de Belém,
Lisboa, 17:00

Sinopse do Espetáculo

Quando Marco Martins ponderava trabalhar a partir de Um Inimigo do Povo, de Ibsen, como um desenvolvimento lógico do seu interesse pelo conflito entre o indivíduo e o coletivo — um tema central na sua criação —, a 19 de dezembro de 2024, a Polícia de Segurança Pública (PSP) realizou uma operação especial de prevenção criminal na Rua do Benformoso, em Lisboa. Esta artéria é habitada e frequentada, maioritariamente, por imigrantes do subcontinente asiático, em particular do Bangladesh.

A rua foi encerrada e cerca de 60 pessoas foram forçadas a encostar-se à parede, com as mãos sobre a cabeça, durante cerca de duas horas. Os seus corpos foram obrigados a manter uma posição fisicamente extenuante e, simultaneamente, a esconder os rostos.

As imagens, captadas por outros imigrantes a partir das varandas dos prédios, tornaram-se virais e espoletaram um debate sobre a legitimidade da operação e os meios utilizados — em especial, a necessidade de expor cidadãos sem registo criminal e que não representavam um risco para a segurança pública a tal humilhação. As mesmas imagens foram, massivamente, partilhadas como pano de fundo para discursos públicos que excluíam os seus protagonistas.

Ao longo de muito tempo, na Europa, a iconografia associada à imigração foi construída de forma idealizada, distorcendo a cultura política e produzindo mecanismos de enquadramento que controlam e limitam a interpretação de novos acontecimentos.

A retórica nacionalista e xenófoba já não está confinada às franjas do espectro político da União Europeia. Hoje, o sentimento anti-imigração ocupa um lugar central no debate público, após anos de populismo de extrema-direita a amplificar ansiedades culturais e a acusar os governos de terem perdido o controlo das fronteiras soberanas.

No «super ano eleitoral» de 2024, uma preocupação comum por toda a Europa foi a crescente popularidade e sucesso eleitoral dos movimentos e narrativas da extrema-direita.

Altamente dependente da imigração, a economia europeia viu uma eleição após outra confirmar a centralidade da migração e da segurança fronteiriça nas discussões públicas. Os partidos tradicionais foram forçados a adotar posições mais restritivas, numa tentativa de acalmar o medo e a ansiedade alimentados por uma retórica xenófoba e populista. Uma análise dos números revela, de facto, uma situação desafiante, com a União Europeia a enfrentar o maior número de pedidos de imigração desde 2016 — uma pressão significativa sobre os sistemas de processamento, alojamento, serviços e, por consequência, integração.

Este emaranhado de políticas pouco fez para travar o número crescente de pessoas deslocadas no mundo que se dirigem à Europa em busca de segurança e estabilidade económica. Esta incoerência política, aliada a fluxos irregulares flutuantes, tem sido explorada por partidos populistas que propagam a ideia de que os governos perderam o controlo da soberania e já não conseguem proteger as suas populações.

O medo da imigração é, talvez, um dos conceitos mais utilizados — e menos discutidos — no atual cenário cultural ideologicamente carregado da Europa. É utilizado tanto pela Esquerda como pela Direita, por jornalistas e cientistas sociais, como uma espécie de arma de arremesso para rotular ações, pessoas ou até obras artísticas que não se enquadram no entendimento dominante. É uma tática conveniente para exercer poder sobre aquilo que nos é desconhecido e nos causa desconforto.

Trabalhando de perto com essa comunidade e tendo como ponto de partida a imagem daqueles corpos indefesos privados de dignidade, Marco Martins propõe uma reflexão sobre a forma como os media e os partidos políticos de várias esferas manipulam a imagem destas pessoas sem jamais lhes dar verdadeiramente voz.

Como tem sido prática recorrente na extensa carreira de Marco Martins no trabalho teatral com comunidades específicas, o espetáculo — fruto de um convite da Braga 25 Capital Portuguesa da Cultura, com a coprodução e cumplicidade Centro Cultural de Belém, do Teatro Municipal do Porto e do Théâtre de Liège — terá como base as biografias das pessoas que foram encostadas à parede e partirá da experiência física dessa situação.

Está já em curso uma investigação conduzida pelas jornalistas Joana Pereira Bastos e Raquel Moleiro, com o apoio de Rana Uddin, líder da comunidade bengali, para identificar e contactar as pessoas visadas pela operação — que constituirão, em simultâneo, o elenco central desta criação.

Informações Adicionais
Acessibilidade: Espetáculo com interpretação em Língua Gestual Portuguesa no dia 15 de março

PREÇOS
Sector 1 Plateia | 20€
Sector 2 Plateia | 16€
Sector 3 Plateia | 14€
Sector 4 Plateia | 12€
Camarotes Centrais | 16€
Cad.Rodas e Acomp. Setor2 | 12€
Cad.Rodas e Acomp. Setor4 | 12€

Descontos
Cartão CCB | Desempregados | Estudantes | Grupos + 20PAX | Maiores de 65 anos | Menores de 30 anos | NE + Acomp.Profissionais espetáculos

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