Filho da Mãe
Parece que foi ontem, mas o projeto a solo de Rui Carvalho conta já com mais de uma década de existência e uma mão cheia de discos. Em 2011, com Palácio, o disco de estreia, Filho da Mãe escrevia o seu nome na pequena história de guitarristas portugueses que procuram explorar o instrumento através de um dedilhar transgressor. Desse conjunto fazia já parte o nome de Norberto Lobo, com os pares Peixe e Grutera a juntarem-se nos anos seguintes. Todos eles a apontar a bússola do instrumento para diferentes direções, com polos de inspiração que vão da portugalidade da guitarra de doze cordas do génio Carlos Paredes à americanidade fingerstyle do iluminado John Fahey. Nos três discos que se seguiram para Filho da Mãe – Cabeça (2013), Mergulho (2016) e Água-Má (2018) –, a maturidade do artista e a beleza ímpar da obra caminhariam lado a lado, de forma natural e muito coerente. Amadurecidas e em busca de novos caminhos, as melodias e texturas que ouvíamos nas seis cordas tocadas por Rui atingiam momentos de glória. Estávamos certos de que Filho da Mãe viria para ficar e que o dedilhar de cordas iria continuar. Mas nem sempre foi bem assim.
Terra Dormente foi gravado ao longo de dois anos entre diversos locais em Lisboa e Ílhavo, com paragens pelo meio, umas forçadas, outras naturais. Apesar dos infindáveis concertos de norte a sul, foram precisos quatro anos para Filho da Mãe voltar a editar novos temas. Uma espera longa, mas não mais longa do que as horas que Rui passou debruçado sobre a sua guitarra. O que importa é que Rui está de regresso. Acabou a espera.

PREÇOS
Geral | 5€