Em vez de fazermos um espectáculo onde testemunhamos e celebramos, serenos e descansados, o nosso passado, construir antes algo que revele a fragilidade da democracia, mostrando as novas inquietudes, as novas revoluções, os novos actores dessas mudanças, contra as novas ameaças e outras, que por parecerem antigas, julgamos não nos atingirem. Algo que nos estimule e motive a continuar a lutar pela liberdade. Algo que encontre paralelos no passado mas que nos dê um empurrão para pensarmos num futuro mais democrático, mais justo, mais humanista. Algo que não nos seja distante, mas que crie uma emoção presente, que nos faça sentir alerta. Que nos mostre um território desconhecido pelo qual vale a pena lutar.

Interessa-nos a ideia de juntar um colectivo de artistas que se sinta à vontade como testemunha activa do seu tempo, usando uma linguagem musical e poética que tenha a ver com o presente. Uma música que reflita com naturalidade a forma como hoje exprimimos os nossos sentimentos, não com uma atitude pessimista, mas que nos faça reflectir e criar uma autonomia de pensamento pra continuar a construir a liberdade e a corrigir os defeitos da democracia — “A democracia é o pior de todos os sistemas, com excepção de todos os outros” (Sérgio Godinho).

Um espectáculo que seja verdadeiramente um gatilho, uma arma, que cante a raiva e a alegria, que aponte à nossa consciência porque, como diz José Mário Branco, “desalento misticismo e ilusões...nunca fez revoluções”- Clã.

Ficha Artística
Concepção e direcção artística: Hélder Gonçalves e Manuela Azevedo
Direcção musical e arranjos: Hélder Gonçalves
Intérpretes: ANA LUA CAIANO, CAPICUA, CLÃ, JONAS, KIARI FLORES, PAULO FLORES e XULLAJI
Textos e apoio à dramaturgia: Capicua e Xullaji
Dispositivo cénico e desenvolvimento dramatúrgico: Victor Hugo Pontes
Desenho de luz: Wilma Moutinho
Desenho de som: Nelson Carvalho

Obra encomendada pela Fundação Centro Cultural de Belém.

PREÇOS
Geral | 15€